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Burnout – um fenómeno ocupacional

O burnout é um dos riscos psicossociais que mais afeta as organizações, o segundo problema de saúde relacionado com o trabalho mais reportado na Europa e estima-se que afete mais de 40 milhões de trabalhadores em toda a União Europeia.

Em que consiste o burnout?

O burnout caracteriza-se por um estado de exaustão emocional, física, mental e comportamental resultante da exposição prolongada ao stress laboral, que não foi adequadamente gerido.

Para a Organização Mundial de Saúde, o burnout é considerado um fenómeno ocupacional com impacto na saúde física e mental dos indivíduos, não constituindo uma doença médica por si só, e caracteriza-se por:

  • sensação de exaustão e/ou falta de energia;
  • distanciamento emocional, pessimismo ou cinismo em relação ao trabalho;
  • diminuição da eficácia a nível profissional.

Importa destacar que o termo burnout diz respeito a um fenómeno que acontece em contexto exclusivamente ocupacional e não deve ser utilizado para descrever experiências e/ou vivências noutras áreas da vida.

Principais fatores de risco, sinais e sintomas

Existem vários fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de burnout, entre eles:

  • excessiva carga laboral;
  • falta de autonomia no local de trabalho;
  • tarefas redutoras ou com baixo propósito;
  • tarefas perigosas ou de grande exigência emocional;
  • horários de trabalho contínuos e excessivos;
  • trabalho por turnos;
  • poucas ou nenhumas pausas para descanso;
  • má relação e/ou conflitos com colegas e superiores hierárquicos;
  • pouco reconhecimento por parte dos colegas e chefias;
  • dificuldade em manter o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal;
  • reduzidas estratégias e competências para resolução de problemas ou gestão de eventos adversos.

Assumindo-se como um problema de saúde pública, passível de afetar todos os grupos profissionais, é crucial prevenir e identificar atempadamente situações de burnout, permitindo, desta forma, intervir precocemente e evitar, ao máximo e dentro do possível, consequências nefastas para a saúde e vida do indivíduo. Para tal torna-se essencial sabermos reconhecer sinais e sintomas de burnout, dos quais podemos destacar:

  • tristeza, apatia, irritabilidade fácil, frustração, perda do controlo emocional, ansiedade, despersonalização, exaustão, falta de energia e choro fácil;
  • diminuição da capacidade de concentração, de atenção e memória;
  • diminuição da capacidade de trabalho e rendimento profissional;
  • sensação de falta de ar, coração acelerado, aperto no peito, cansaço fácil, tensão muscular, insónia, enxaqueca e alterações do apetite;
  • isolamento social e dificuldade de interação com os outros;
  • aumento do consumo de álcool, tabaco, drogas e medicação;
  • desmotivação, diminuição do empenho e da eficácia laboral.

Consequências a nível individual e organizacional

O burnout tem consequências negativas não só na vida profissional e pessoal do indivíduo, mas também para as organizações. A nível pessoal, promove uma atitude negativa face ao local de trabalho e à profissão, uma diminuição da iniciativa, do entusiasmo, da motivação em relação ao trabalho e da empatia. Esta condição causa, ainda, sentimentos de menos-valia e um decréscimo da autoestima e da qualidade de vida e problemas económicos relacionados com o absentismo laboral, perda de salário e gastos adicionais com consultas, exames e tratamentos. Para além do descrito anteriormente, sabe-se que o burnout está associado a um maior risco de desenvolvimento de ansiedade, depressão e suicídio, aumento do consumo de álcool e outras drogas, alterações do sono e do apetite, doenças cardiovasculares, músculo-esqueléticas, doenças autoimunes, entre outras.

A nível organizacional, verifica-se uma diminuição da produtividade e da eficiência, um aumento do absentismo, das baixas médicas por doença e dos pedidos de reforma antecipada ou por incapacidade.

Prevenção e Tratamento

Importa reforçar que o burnout está associado ao trabalho e à relação do indivíduo com o seu trabalho, pelo que, a manter-se o stress laboral, é pouco provável que esta síndrome remita espontaneamente. Nesse sentido, programas de redução do stress, técnicas de relaxamento, meditação e atividade física assumem um papel preponderante na prevenção e tratamento do burnout, assim como a procura de ajuda especializada de um Psicólogo ou Psiquiatra, sempre que necessário.

O burnout não é um fenómeno ocupacional exclusivo de determinados grupos profissionais, muito pelo contrário: ninguém lhe está imune!

Não adie a sua saúde, se está constantemente nervoso, se se sente exausto e não consegue manter o seu funcionamento habitual, peça ajuda!

Autora:
Dra. Patrícia Perestrelo Passos
Psiquiatria

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